Já gastámos as
palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.
Gastámos tudo menos o silêncio.
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
gastámos as mãos à força de as apertarmos,
gastámos o relógio e as pedras das esquinas
em esperas inúteis.
Meto as mãos nas
algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tínhamos
tanto para dar um ao outro;
era como se todas as
coisas fossem minhas:
quanto mais te dava
mais tinha para te dar.
(...)
Já gastámos as
palavras.
Quando agora
digo: meu amor,
já se não passa
absolutamente nada.
E no entanto, antes
das palavras gastas,
tenho a certeza
que todas as coisas
estremeciam
só de murmurar o teu
nome
no silêncio do meu
coração.
Não temos já nada
para dar.
Dentro de ti
não há nada que me
peça água.
O passado é inútil
como um trapo.
E já te disse: as
palavras estão gastas.
Adeus.
Eugénio de Andrade
Quando li isto pela primeira vez lembrei-me do T.
Tem tanto a ver a connosco.
10 comentários:
Sempre que precisares :)
Obrigada eu ^^
Que lindo :o
Eu enviei esse poema ao meu ex-namorado na altura em que acabamos. Na altura fazia mesmo sentido :)
Adoro *.*
gosto muito deste autor!
O poema é belíssimo!!!
gosto!
R: E eu acho que vou ser feliz com ele... se me apaixonar por ele!
eu é que te agradeço pelas tuas palavras tão doces :)
sim, tudo há-de-se recompor, basta acreditares.
Beijinho
é ... porque as palavras também se gastam :S
Um dos meus poemas preferidos de Eugénio de Andrade!
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